O boom das cervejas artesanais está forçando as grandes cervejarias a reexaminarem suas técnicas de marketing.
Será que ainda dá para escolher uma cerveja verdadeiramente artesanal? |
"Se você observar as marcas mais tradicionais, que hoje estão no topo da preferência popular, verá que muitas vezes o orçamento para o marketing é quase zero", relatou Jorn Socquet, vice presidente de marketing da Anheuser-Busch, ao site Bloomberg.
Quando se trata de ser "cool", as cervejas artesanais reinam. Mesmo que grandes cervejarias como AB InBev e MillerCoors ainda dominem 72% do mercado americano, sabe-se que a venda da bebida tem caído nos últimos anos, por isso eles tem encarado a carveja artesanal como verdadeira concorrente.
Por isso as grandes cervejarias estão entrando no jogo, com aquisições como as americanas Ballast Point & Spirits e da Lagunitas, das brasileiras Colorado e Wals, pelo grupo Ambev. No entanto, a questão continua: quando uma cervejaria artesanal deixar de ser independente, esta ainda continuará sendo desejada por seu público? Ou manter-se pequeno é a chave para o sucesso?
"Hoje as pessoas estão realmente preocupadas: As grandes cervejarias estão começando a monopolizar também as artesanais?", disse a analista de tendências para alimentos e bebidas da Quench, Darby Hughes, ao portal Business Insider.
Em resposta, as grandes companhias estão tentando reajustar o marketing para seguir a tendência do "artesanal é bom", que é a chave para o sucesso das pequenas cervejarias. O site Bloomberg cita um vídeo publicado no site da Saint Archer Brewing Co, pertencente ao grupo MillerCoors, o qual apresenta 98% de imagens aleatórias, em branco e preto, de alguém andando de skate, tocando um instrumento ou surfando, e apenas 2% de imagens representando alguém bebendo uma cerveja, equanto veste uma camiseta com o nome da cervejaria.
Em vez de investir em comerciais no intervalo do Super Bowl, as cervejarias estão investindo em marcas como a nova Best Damn Root Beer, do grupo ABInBev, e com grande sucesso, e em experiências como a do trabalho que resultou na transformação de uma pequena cidade de esqui na "Whaterver, USA", da Bud Light.
Mesmo as apresentações de marcas criadas por grandes cervejarias estão mudando, como é o caso da Bud Light, que tem passado por uma recente reformulação, a fim de enfatizar a autenticidade de seus produtos e assim atrair os clientes mais conservadores.
No entanto, este marketing "cool" não permite a estas marcas captar a independência das pequenas, as cervejarias artesanais.
Lata da cerveja Bud Light, após redesign, com foco na qualidade e autenticidade do produto |
A indignação após a aquisição da cervejaria Camden Town pelo grupo AbInBev, em dezembro de 2015, que naquele momento já era algo aguaradado pelo mercado, fez com que alguns fornecedores passassem a evitar cervejas de grupos main stream, como a escocesa BrewDog, que deixou de comercializar em seus bares os produtos da Camden Town, após a aquisição.
A mensagem diz: "Não venderemos mais nada da @CamdenBrewery em nossos bares. Não suportamos cervejas da ABInBevNews", numa tradução livre.We will no longer be selling any @CamdenBrewery in our bars. We don't stock @ABInBevNews beers.— James Watt (@BrewDogJames) December 21, 2015
Ainda de acordo com o site Bloomberg, seis em cada dez consumidores acreditam que a independência de uma cervejaria é fator decisivo ao escolher uma cerveja.
Com isto em mente, segmentar o mercado pode de fato ser a melhor saída para as grandes cervejarias para manter as marcas "cool". Não ser ligada a grupos como ABInBev ou MillerCoors pode ser a esperança das cervejarias artesanais para manter a tão desejada autenticidade da cerveja.
E você, qual é sua opinião? Acredita uma cerveja perde o espírito artesanal, quando passa a pertencer a um grande grupo, ou acha que isto pode ser benéfico para o mercado, que pode passar a receber o mesmo produto por um preço mais acessível?
Na minha humilde opinião, não importa muito o tamanho da cervejaria ou a qual grupo a mesma pertence, desde que esta leve a sério a produção de cerveja e não se renda à tendência de baratear a produção por meio de utilização de compostos químicos e ingredientes de qualidade duvidosa.
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Mais:
Quer saber ainda mais sobre essa dicussão? Então confira este post sobre a entrevista dada pelo mestre cervejeiro mundial da Heineken, falando sobre como o mercado tem mudado nos últimos 20 anos
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