segunda-feira, 9 de maio de 2016

Você não sabe, mas nem sempre está bebendo uma cerveja verdadeiramente artesanal

O boom das cervejas artesanais está forçando as grandes cervejarias a reexaminarem suas técnicas de marketing.

Foto de um homem olhando para um copo de cerveja - Bendita cerveja
Será que ainda dá para escolher uma cerveja verdadeiramente artesanal?
"Se você observar as marcas mais tradicionais, que hoje estão no topo da preferência popular, verá que muitas vezes o orçamento para o marketing é quase zero", relatou Jorn Socquet, vice presidente de marketing da Anheuser-Busch, ao site Bloomberg.

Quando se trata de ser "cool", as cervejas artesanais reinam. Mesmo que grandes cervejarias como AB InBev e MillerCoors ainda dominem 72% do mercado americano, sabe-se que a venda da bebida tem caído nos últimos anos, por isso eles tem encarado a carveja artesanal como verdadeira concorrente.

Por isso as grandes cervejarias estão entrando no jogo, com aquisições como as americanas Ballast Point & Spirits e da Lagunitas, das brasileiras Colorado e Wals, pelo grupo Ambev. No entanto, a questão continua: quando uma cervejaria artesanal deixar de ser independente, esta ainda continuará sendo desejada por seu público? Ou manter-se pequeno é a chave para o sucesso?

"Hoje as pessoas estão realmente preocupadas: As grandes cervejarias estão começando a monopolizar também as artesanais?", disse a analista de tendências para alimentos e bebidas da Quench, Darby Hughes, ao portal Business Insider.


Imagem de tap de chopp, ecolhendo cerveja

Em resposta, as grandes companhias estão tentando reajustar o marketing para seguir a tendência do "artesanal é bom", que é a chave para o sucesso das pequenas cervejarias. O site Bloomberg cita um vídeo publicado no site da Saint Archer Brewing Co, pertencente ao grupo MillerCoors, o qual apresenta 98%  de imagens aleatórias, em branco e preto, de alguém andando  de skate, tocando um instrumento ou surfando, e apenas 2% de imagens representando alguém bebendo uma cerveja, equanto veste uma camiseta com o nome da cervejaria.

Em vez de investir em comerciais no intervalo do Super Bowl, as cervejarias estão investindo em marcas como a nova Best Damn Root Beer, do grupo ABInBev, e com grande sucesso, e em experiências como a do trabalho que resultou na transformação de uma pequena cidade de esqui na  "Whaterver, USA", da Bud Light.

Mesmo as apresentações de marcas criadas por grandes cervejarias estão mudando, como é o caso da Bud Light, que tem passado por uma recente reformulação, a fim de enfatizar a autenticidade de seus produtos e assim atrair os clientes mais conservadores.

No entanto, este marketing "cool" não permite a estas marcas captar a independência das pequenas, as cervejarias artesanais.


Lata da cerveja Bud Light, após redesign, com foco na qualidade e autenticidade do produto
A indignação após a aquisição da cervejaria Camden Town pelo grupo AbInBev, em dezembro de 2015, que naquele momento já era algo aguaradado pelo mercado, fez com que alguns fornecedores passassem a evitar cervejas de grupos main stream, como a escocesa BrewDog, que deixou de comercializar em seus bares os produtos da Camden Town, após a aquisição.
A mensagem diz: "Não venderemos mais nada da @CamdenBrewery em nossos bares. Não suportamos cervejas da ABInBevNews", numa tradução livre.

Ainda de acordo com o site Bloomberg, seis em cada dez consumidores acreditam que a independência de uma cervejaria é fator decisivo ao escolher uma cerveja.

Com isto em mente, segmentar o mercado pode de fato ser a melhor saída para as grandes cervejarias para manter as marcas "cool". Não ser ligada a grupos como ABInBev ou MillerCoors pode ser a esperança das cervejarias artesanais para manter a tão desejada autenticidade da cerveja.

E você, qual é sua opinião? Acredita uma cerveja perde o espírito artesanal, quando passa a pertencer a um grande grupo, ou acha que isto pode ser benéfico para o mercado, que pode passar a receber o mesmo produto por um preço mais acessível?

Na minha humilde opinião, não importa muito o tamanho da cervejaria ou a qual grupo a mesma pertence, desde que esta leve a sério a produção de cerveja e não se renda à tendência de baratear a produção por meio de utilização de compostos químicos e ingredientes de qualidade duvidosa.

Deixe seu comentário e saúde!



Mais:
Quer saber ainda mais sobre essa dicussão? Então confira este post sobre a entrevista dada pelo mestre cervejeiro mundial da Heineken, falando sobre como o mercado tem mudado nos últimos 20 anos


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quinta-feira, 5 de maio de 2016

A indústria cervejeira já não é mais a mesma, diz mestre cervejeiro da Heineken

A indústria cervejeira já não é mais a mesma, diz mestre cervejeiro global da Heineken em entrevista ao site Business Inside.

Willem van Waesberghe no novo comercial da Heineken
Willem van Waesberghe no novo comercial da Heineken
No último dia 28 de abril, o mestre cervejeiro global da Heineken, Willem van Waesberghe, disse acreditar que a indústra cervejeira está mudando para melhor. "Nós estamos começando a falar sobre cerveja", disse a respeito das maiores mudanças na indústria nos últimos 20 anos. "Os cervejeiros estão muito feliz por finalmente estarmos falando sobre cerveja de novo."

O que, de fato, é verdade - A maior mudança nas últimas duas décadas no mundo da cervejas é que os cervejeiros não são mais as únicas pessoas que se preocupam com o que estão bebendo. Cada vez mais, o consumidor habitual quer saber mais sobre o processo por trás da cerveja e os ingredientes que os cervejeiros estão comprando. Van Waesberghe diz que este crescente interesse em aprender mais sobre cerveja, bem como a preferência pela variedade e transparência, tem sido uma das mudanças mais gratificantes que ocorreu nos últimos 15 anos que tem trabalhado para a Heineken.


Esta transformação , diz, pode ser parcialmente atribuida à popolarização da cerveja artesanal. "Gostamos do mundo artesanal desta maneira", diz. O aumento do movimento artesanal é uma das influências mais importantes na indústria cervejeira em 2016.


Garrafas de cerveja da Heineken
Garrafas de cerveja da Heineken
Geralmente as grandes cervejarias se veem em oposição às artesanais. Cervejarias artesanais, como a BrewDog, vem as grande corporações, como Budweiser e Guinness, contralada pelo grupo Diageo, como sem imaginação e sem paixão, na linguagem da BrewDog.

"Nós apoiamos o movimento artesanal e as cervejarias artesanais devem ser independentes, não degradadas pelas megacorporações, que comprometem a qualidade da cerveja, por meio de corte de processos e de pessoas, para obter lucro", disse Van Waesberghe ao portal.


A enfatização do produtor artesanal em se manter pequeno é algo que  a Heineken, que é uma companhia mantida por uma família e enfatiza a autenticidade dos três ingredientes da cerveja, acredita ser ilusório.


Algumas cervejas artesanais
Algumas cervejas artesanais
"O que eu não gosto sobre o movimento artesanal é que existe um conceito comercial, que condena a cervejaria por seu tamanho", diz. "Um mestre cervejeiro na Heineken tem a mesma paixão artesanal que um um mestre cervejeiro [de uma cervejaria artesanal]."

Enquanto grandes e pequenas cervejarias batem cabeça, é impossível subestimar o quanto as cervejarias artesanais estão moldando as grandes companhias.


Budweiser e Heineken tem dialogado sobre obter dicas de marketing dos produtores artesanais, dado a crescente enfatização de suas façanhas, medias sociais e autenticidade.


Reconhecer o produtor artesanal como um concorrente tem também resultado em  aquisições de pequenas cervejarias pelas grandes companhias. Em dezembro de 2015, O grupo Anheuser-Busch InBev adiquiriu a americana Four Peaks Brewing Company, do Arizona, as britânicas  Camden Town Brewery e Colorado's Breckenridge Brewery, uma série de aquisições que atingiu produtores artesanais de um jeito errado.


Cervejas artesanais
Cervejas artesanais
"Aquisições vão contra a natureza dos produtores artesanais de cerveja - ao comoditizá-las, as grandes companhias estão tantando enganar, aos olhos dos consumidores", afirma Warman.

A Heineken está tentando previnir todo essa desaprovação ao balancear seu crescimento com a dedicação ao ofício artesanal.


"Na minha cabeça, apenas uma cervejaria se destacou como verdadeiramente global, de família e ainda cervejeira antes de tudo; Heineken", escreveu Tony Magee, fundador da Lagunitas em um blog depois de a Heineken ter adiquirido uma participação de 50% de uma cervejaria artesanal da Califórnia. "Neles enchergamos uma cervejaria global que não utiliza adjuntos cervejeiros em sua cerveja carro-chefe, que usa apenas malte. Nós conhecemos uma cervejaria que ainda é dirigida pela bisneta de sua fundadora. Nós encontramos uma cervejaria cujo diretor entende os detalhes da produção de cerveja."


A mais recente campanha de marketing da Heineken ao mesmo tempo apresenta a autenticidade da cerveja do começo ao fim. O anúncio mostra van Waesberghe conversando com o ator Benicio Del Toro sobre a simplicidade da receita da heineken - e, no final, dizendo à estrela "não me f#&e cara!", quando sugeriu a adição de algum novo ingrediente à sua cerveja. Você pode conferir o vídeo (em inglês) abaixo:




Mais:
Acompanhe esta matéria e saiba mais sobre o que rolou na segunda edição do Expresso Bier Fest, em Atibaia:
http://benditacerveja.blogspot.com.br/2016/05/Expresso-bier-fest-atibaia.html

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terça-feira, 3 de maio de 2016

Expresso Bier Fest 2016: Atibaia no mapa da cerveja!

À convite do Hotel Tauá Atibaia e da agência A3 Comunicação, estive em Atibaia no último final de semana para conferir tudo o que rolou no Expresso Bier Fest, cuja edição mostrou que a cidade está definitivamente no mapa da boa cerveja no Brasil.

Sobre o Expresso Bier Fest, Atibaia, Abril/Maio de 2016
Sobre o Expresso Bier Fest, Atibaia, Abril/Maio de 2016
Entre os dias 29 de abril e 01 de maio, Atibaia deu um show de competência, bom gosto e simpatia ao sediar, pela segunda vez, o Expresso Bier Fest, festival voltado para os amantes e iniciantes no consumo de cerveja artesanal, onde o público tem um contato diferenciado com produtores regionais de cerveja.

Para esta edição, a organização reformulou o conceito do festival, tornando o ambiente mais intimista e mais parecido com o de um bar, deixando o espaço mais amplo, com mais mesas e aumentando o palco, onde grandes bandas se apresentaram. Alguns expositores ousaram até a eliminar parte do balcão, fazendo com que o visitante adentrasse ao ambiente para conhecer, degustar e tirar dúvidas. Um espaço gourmet também foi preparado, para atender o público mais antenado nas novidades na área da gastronomia. Música não faltou durante os três dias de festival, foram várias as bandas que animaram os visitantes, com destaque para a banda Old Chevy, que levou o público à loucura com clássicos do Rock.


Área interna do Expresso Bier Fest, de frente para o palco
Área interna do evento, com espaço para degustação

O foco do festival, que nesta edição atraiu público estimado de 5.000 pessoas, das mais variadas idades, foi apresentar cervejas para serem degustadas no inverno, que este ano promete ser mais intenso, por isso muitos expositores exibiram receitas dos estilos Stout, Porter e Bock, que possuem graduação alcoólica mais elevada, geralmente. No entanto, houve também bastante espaço para receitas mais populares, como as dos etilos Amber Ale, Weiss, IPA, Pilsen e Red Ale, mas o destaque ficou para a já premiada Pumpkin Ale da cervejaria Sauber Beer, de Mogi Mirim-SP, que leva a adição de abóbora e por isso chamou bastante atenção do público.

Outras cervejarias, como a iniciante Satélite, resolveu apostar na carga de lúpulos americanos de sua cerveja Hop Power, que definitivamente agradou aos paladares mais exigentes, fosse pura, ou passada no filtro de frutas tropicais, que lhe conferia um frescor que, juro, você não vai encontrar em outra cerveja. Outra cervejaria que também se destacou foi a jovem Bragantina, que decidiu levar ao público uma Blond Ale com infusão de frutas vermelhas. Novamente houve premiação para as três melhores cervejas, com votação popular, sendo as vencedoras as cervejarias Schmitz Zandoná, Pedra Grande e Brangantina, em primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente.

Esta segunda edição do evento atraiu mais olhares da imprensa, que foi convidada pela organização do evento e pelo Hotel Tauá Atibaia, proporcionando maior cobertura e visibilidade ao festival e pôde apresentar todo o trabalho da cidade de Atibaia, que vem se desenvolvendo nos últimos anos nas mais diversas áreas da economia. Estavam presentes repórteres de veículos como o Portal R7, Folha de São Paulo e diversos sites e revistas especializadas em turismo, hotelaria e gastronomia. Por isso acredito que a próxima edição atrairá ainda mais curiosos e entusiastas, não apenas pela cobertura que recebeu, mas principalmente por se mostrar mais uma vez como um grande e diferenciado festival de cervejas artesanais, que certamente já me deixa ansioso pra a próxima edição, que será realizada em novembro deste ano.


Confira abaixo um vídeo onde apresento algumas das cervejas cedidas por alguns dos expositores à imprensa: